por Karine



"Eu digo e até posso afirmar: Vive melhor quem samba!" (Candeia)



quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Quase Dois Irmãos

Assisti, mais uma vez, “Quase dois irmãos”, direção de Lúcia Murat. Filme fantástico! História de dois meninos que se conhecem na década de 50 porque o pai de Jorginho era um grande sambista negro e, o pai de Miguel, um jornalista branco apaixonado pela cultura produzida nos morros cariocas daquela época. Eram quase dois irmãos...

Na década de 70, durante a ditadura militar, os dois se reencontram na prisão Ilha Grande. Jorginho, traficante. Miguel, preso político. Mundos distintos que se cruzam no cárcere e se afinam pela batucada improvisada do pandeiro e do violão: “quem me vê sorrindo, pensa que estou alegre” – Cartola e Carlos Cachaça. Mundos que não se misturam porque, uma vez livres, Jorginho continua no tráfico e Miguel se elege Senador da República! Um abismo! Os filhos de Jorginho, entregues à própria sorte! A filha de Miguel, garota zona sul! Esta, assim como o pai e o avô, também vai ao morro. Mas, “a vida lá já foi mais bela” – Paulo Cesar Pinheiro. O cenário que, outrora, encantou seu avô foi tomado pelos bailes funk e pelo tráfico. “Você quer construir um programa social ou salvar a sua família?”, pergunta Jorginho quando recebe uma proposta do Senador Miguel para conter a violência no morro... Nosso grande poeta Pinheiro disse tudo:

O galo já não canta mais no Cantagalo/A água não corre mais na Cachoeirinha/Menino não pega mais manga na Mangueira/E agora que cidade grande é a Rocinha!/Ninguém faz mais jura de amor no Juramento/Ninguém vai-se embora do Morro do Adeus/Prazer se acabou lá no Morro dos Prazeres/E a vida é um inferno na Cidade de Deus/Não sou do tempo das armas/Por isso ainda prefiro/Ouvir um verso de samba/Do que escutar som de tiro/Pela poesia dos nomes de favela/A vida por lá já foi mais bela/Já foi bem melhor de se morar/Mas hoje essa mesma poesia pede ajuda/Ou lá na favela a vida muda/Ou todos os nomes vão mudar!

Viva a música popular brasileira! Viva o samba! Viva o cinema nacional!

Jussara.

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