por Karine



"Eu digo e até posso afirmar: Vive melhor quem samba!" (Candeia)



terça-feira, 30 de novembro de 2010

Samba e História

Mais um pouco da história do samba. Todos sabemos que o Samba, como prega a história "oficial", nasce nas quentes terras do Rio de Janeiro. Como reza a história, as velhas mães-de-santo, originárias da Bahia, organizavam em suas casas grandes festejos musicais, para onde concorriam a centena de trabalhadores negros que vinham procurar oportunidades de vida, sobretudo na Zona Portuária Carioca. Sabemos, ainda, que a mais famosa dessas mães-de-santo era conhecida como Tia Ciata. Sua casa era, de fato, como afirma Tinhorão, um "ponto de reunião da gente mais heterogênea possível". Ao contrário do que apregoa o senso comum, a casa da baiana e mãe-de-santo era frequentada por pessoas das mais variadas camadas sociais. Estereotipado, o samba parece ocupar espaços rotulados como "menores" socialmente, relegado às periferias cariocas. Mas isso nem sempre foi verdade! Em sua casa, ao contrário, Tia Ciata "recebia gente de terreiro, boêmios, profissionais (alfaiates, marceneiros), pequenos funcionários públicos, repórteres [...], baianos bem-sucedidos como Hilário Jovino Ferreira, e representantes da primeira geração de compositores profissionais cariocas, tais como Sinhô", que nesse momento já se apresentava como pianista profissional, "ligado a clubes de dança pagos, a casas de música e a companhias de discos". Embora coopere com a história do samba, paulista e carioca, sobretudo quando lança mão da intrigante figura do "malandro", reiterar a  estreita ligação entre samba e pobreza parece soar preconceituosamente. Desde sempre, a música popular [e, entre elas, o samba] esteve presente nos "prestigiados" espaços sociais. Com seus cantores, os ricos de todos os tempos alimentavam carinhos com relação à música popular brasileira. E nós, no bojo da história, ainda que humildes, estamos caminhando.

(Baseado em "Uma tradição em contínuo processo de refinamento", de José Ramos Tinhorão.) 

Postado por Nuno Moraes

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